terça-feira, 6 de abril de 2021

 


orto Alegre, revitalizar o Centro Histórico demolindo-o

Até o final dos anos 1960, morar em Porto Alegre significava morar no centro da cidade. Era lá onde tudo acontecia e irradiava para os bairros da urbe. Quando chegou a década de 1970, aconteceu no Brasil, o êxodo rural (termo antigo, hein) e mais, a migração das populações de pequenas cidades para as capitais.  Foi assim, com a chegada de pessoas  sem raízes no meio e que buscavam melhores condições de vida,  que a cidade transmutou física, cultural e intelectualmente. Neste processo, as consequências para o Centro de Porto Alegre foram dramáticas. A região urbana com deliciosa estética arquitetônica, repleta de marcos culturais, comerciais e frequentada por pessoas ligadas  ao ambiente construído, passou, quase rapidamente, a ser caracterizada  pela ocupação de camelos comercializando quinquilharias , ruas e logradouros sujos, fim do comercio sofisticado e diversificado que a partir dos anos 1980 migrou continuamente para os shopping centers. A Resistência do modo de vida do tradicional  Centro de Porto Alegre tem sido tenaz por parte dos cidadãos e de uma ou outra administração pública. Poder público que seguindo uma linha global  de preservação farsante,  trocou a  designação da região para Centro  Histórico e o  chamou de bairro. É a  “novilingua” condicionando mentes.  Pois, a recentemente eleita administração municipal, prometeu em campanha, embelezar a cidade. A mais impactante medida anunciada a fim de cumprir o prometido é revitalizar o Centro Histórico e, para isso, pretende permitir a construção de prédios mais altos no Centro. Significa, na prática, demolir construções antigas para construir mais e maiores prédios. É dizer:  destruir a história do Centro Histórico para revitalizá-lo. É pra rir ou pra chorar?  Antes disso, sugiro retirar as pichações dos prédios e logradouros, recuperar calçadas e trazer aos olhos, onde for viável, o pavimento de paralelepípedo, manter vivas as praças, reduzir o IPTU na região, incentivar o comércio de porta de calçada, afastar ambulantes de quinquilharias, reposicionar terminais de ônibus, conduzir uma utilização mais útil ao cais do porto,  montar um plano de segurança sistêmico afastando o crime daquelas ruas. Bem, estas são sugestões simples e factíveis numa política de melhorias para o cidadão. O projeto da prefeitura, parece ser uma manobra com o dolo de favorecer negociantes da construção civil. Como sempre, solucionar problemas é oportunidade para manejar a sociedade. 

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