
A Operação Lava-Jato e o Segundo Trabalho de Hercules.
A civilização Helênica, na antiga Grécia, foi
momento singular escrito pela História humana. Em sua fase mitológica, retratou
o homem com seus valores e ambiente. Nesta mitologia, busco um episódio
esclarecedor, para compreender o Brasil nos tempos de Operação Lava –Jato, com
os desdobramentos avassaladores de nomes e instituições envolvidos. Refiro-me a
um dos trabalhos de Hércules, herói concedido por Zeus à humanidade para
livrá-la dos seus males. Trata-se do Segundo
Trabalho deste semideus: matar a Hidra, réptil peçonhento habitante do pântano
lodoso e pestilento de Lerna, monstro com múltiplas cabeças. Tão bizarro e
venenoso era o Ser, que seu hálito contaminava a quem dele se aproximasse e,
quando uma de suas sete cabeças era decepada, logo duas nasciam para
substituí-la. A Hidra alimentava-se das plantações e dos rebanhos, frutos do trabalho
humano. Para matá-la, deveriam ser cortadas todas as cabeças simultaneamente,
ou que fossem decepadas e cauterizadas uma a uma. Bem, e se pensarmos na Hidra
como sendo a figura simbólica da Corrupção, deturpando os ambientes com sua
presença e estabelecendo um processo deletério, sugador do esforço laboral, duma
sociedade. A corrupção, vinda do charco da ganância, indiferente e poderosa, só
pode ser erradicada se todas suas interligações forem aniquiladas de um só
golpe ou, metodicamente, todos seus elementos forem eliminados de maneira definitiva.
A operação Lava –Jato está pondo à luz o porte e as interfaces da leniência no
Brasil hodierno. É possível acabar com ela?
Sim. Mas o trabalho é Hercúleo. Diante desta missão não há retorno, nela existem
dois desenlaces possíveis, apenas dois. Agora, a Operação Lava-Jato, num
esforço da nação brasileira, derrota a corrupção sistêmica, ou desaparecerá
enredada pela fera abominável. A
corrupção será eliminada, em caso contrário, eliminará àqueles envolvidos em
desbaratá-la, pior, quando não ferida de morte, suas cabeças, tal qual a Hidra,
multiplicar-se-ão.
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