Nos caminhos de Porto Alegre
Caminhar
nas ruas de Porto Alegre, para mim, tem sido uma jornada surpreendente,
depressiva e revoltante. Sim, sei muito bem do processo depauperador, iniciado
nos anos 1970, das regiões urbanas no Brasil. A grande migração rural em direção
às cidades, gerou a deterioração das relações sociais no meio urbano. Mas,
convenhamos, é preciso reagir ao que vemos na nossa capital. Não me refiro a
locais específicos de urbe pois seria injustiça apontar pontos de degradação,
ainda que se assim fosse, mais fácil seria encontrar solução. Infelizmente,
não. A situação é generalizada e em condições inacreditáveis e inaceitáveis,
mostradas nas vias. Pasmem, existem acampamentos nas calçadas e canteiros,
malocas em praças e debaixo de viadutos, alojamentos noturnos improvisados
debaixo de marquises e até depósitos de lixo com centenas de quilos entulhados em
canteiros centrais, até então, destinados a serem jardins. Lixo retirado de contêiners
onde o entorno é área de imundices. O diagnóstico é de uma situação de agressão
estética, humanitária e permanente risco à saúde pública. Claro, há os indefectíveis
vendedores africanos e haitianos ocupando os passeios com quinquilharias
contrabandeadas por máfias globalmente organizadas. A mobilidade e transporte,
encontram dificuldades de fluidez por excessivo tráfego em pistas inadequadas,
problema sobre o qual deveria haver uma intelligentsia técnica para pensar soluções.
Mas, nada. A propósito, quando se discute o valor do IPTU, por que não é
debatido a destinação deste recurso? Afinal, ele é um imposto para desenvolver
a urbanidade ou uma taxação sobre à propriedade, cuja existência se destina em obter
recursos a fim de pagar a máquina pública? O Município, enquanto força estatal,
nos deve esclarecimentos e ação, mas o cidadão Porto-alegrense está em dívida
com a cidade pois, tal qual um zumbi, permanece alheio ao meio que o cerca.
