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Merece a República ser louvada?
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Era
madrugada quando aos 17 de novembro de 1889, embarcava rumo a Portugal, Pedro
II, Imperador do Brasil, acompanhavam-no família e colaboradores próximos. Forçado a sair do Palácio na calada da noite, como
forma de evitar ser saudado pelo povo e, talvez, impedido de deixar o País. A República
fora proclamada na tarde do dia 15. Substituía-se a Monarquia -republicana e
parlamentarista-, pela República -centralista e caudilhista. Que mal fez o
imperador a merecer tal sorte? É pergunta que nunca calou. Mas, há pistas a
apontar responsáveis: os banqueiros ingleses reconhecem de pronto e oferecem
empréstimos ao novo regime, sociedades secretas e filosofias revolucionárias conspiravam
pela república, militares insatisfeitos com a morosidade das carreiras,
abolição da escravatura e a sucessão do Imperador. A sinergia destes fatores derrubou
a Coroa. Incruenta nasce a República, pois Pedro II, na contumaz dignidade, desautorizou
à reação. Nasce, também, velha e vacilante. Velha, ao manter erros antigos, a
eles agregando novos vícios. Vacilante, pois não possuía apoio popular, abrindo
espaço à disputa do poder, numa onda de interesses pugnados na violência das
armas e na tirania. A República foi estabelecida sobre a tese da democracia, falsa
bandeira jamais desfraldada de fato. Ao longo da História republicana o embate
político desestabilizou o Brasil. Revoltas e revoluções arrazoaram-se no
combate à ditaduras e corrupção. E de tal forma decaiu o Brasil nesta nova
ordem, que germinou uma sociedade sem valores espirituais, numa fraqueza moral
que permitiu cair o comando do País nas mãos de organizações espúrias cuja
intenção final é demolir o Estado brasileiro. Portanto, não se justifica louvar
a proclamação da república, antes disso, retrata melhor a realidade os versos consagrados
pelo povo, após a despedida de D. Pedro. Diz assim: Partiu Pedro II/ Para o
reino de Lisboa/ Acabou a monarquia/ E o Brasil ficou à toa.
J R de Vilhena