A guerra na
província Cisplatina, manobra dos interesses negociais ingleses, havia
encontrado o fim em 1828 e acabara por criar o Uruguay, afastando, desta maneira,
o Império brasileiro da foz do rio da Prata. Curso d’água, desde sempre,
caminho natural ao coração rico -em prata e ouro- do continente sul americano.
Os centauros do Pampa, com seus ponchos ao vento, espadas embainhadas e lanças
em riste, cavalgavam pelas coxilhas do Rio Grande, ainda devotando lealdade aos
seus caudilhos comandantes de guerra, Bento Gonçalves, Corte Real, Lima e
Silva, Souza Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Gomes Jardim e David
Canabarro. As lutas impregnaram a terra com sangue gaúcho, contudo, não haveria
paz para estes peleadores. Nova guerra era urdida entre paredes dos gabinetes da
corte, na capital do País. De lá, sociedades secretas- Maçonaria e Carbonária- conspiravam
a derrocada da Monarquia e Igreja Católica, que a acreditava. Tramavam, tal
qual intenção surgida na Revolução Francesa e com idêntica estratégia de fazer
o antigo regime ruir, de dentro para fora. Implosão econômica e social. Quando
chegam os anos 1830, trazem consigo um tempo conturbado, tempo oportuno para
deflagrar o movimento que pretendia derrubar a Monarquia através da
fragmentação do Império, dividindo-o em repúblicas (republiquetas). Para isso, o
primeiro passo seria afastar fisicamente a família Real das paragens do Brasil.
Assim, D. João VI foi induzido, em 1820, ao retorno a Portugal, na missão de
superar uma revolta liberal. Pedro, seu filho, ficou no País substituindo-o. O
plano de embarcar a realeza para o regresso à Europa fora driblado. No ano de
1822, Pedro declara a independência do Brasil. Viva D. Pedro I! Único monarca no
Novo Mundo. Rei guerreiro, benquisto e atrevido, bastião da Monarquia, difícil
de ser deposto. Misteriosamente D. João
VI é envenenado em Portugal e, no ano de 1831, vem o segundo lance para afastar
a linhagem real do mundo brasilis, Pedro I abdica, pois, se vê obrigado a
partir para Lisboa, precisava enfrentar uma guerra civil no Portugal. O rei
liberal contra as hostes de D. Miguel, o irmão usurpador que pretendia uma
Coroa absolutista. Agora, por sua vez, no intuito de manter a Ordem Monárquica
no Brasil, permanece a substituir o imperador Pedro I, seu primogênito,
o Infante Pedro de Alcântara, futuro Pedro II. Tinha então 9 anos de idade. Diante
de tal situação, fragilizou-se a Monarquia. Pedro era uma criança e em seu nome,
ficou estabelecida uma regência provisória, formatada por três tutores
escolhidos entre políticos e juristas. Posteriormente, a regência é tornada Una
sob a investidura do conselheiro Feijó. Eis que, neste vácuo no comando de
autoridade institucional historicamente reconhecida, aconteceu a infiltração de
organizações secretas na administração do Estado brasileiro. A partir de então,
através de intrigas, atitudes deletérias, desconsideração para com a realidade
social e econômica do povo, os interesses destas organizações criaram um caudal
de infelicidade cujo resultado não poderia ser outro senão o eclodir de
revoltas e revoluções. Elementar, meu caro Watson. Como testemunho Histórico,
eis uma relação dos conflitos com nome, período e local: Cabanagem -1835/1840-
Pará; Balaiada-1839/1840-Maranhão; Sabinada-1837/1838- Bahia; Revolta dos
Malês-1835-Bahia e revolução Farroupilha-1835/1845- Rio Grande do Sul. Todos estes levantes, perpetrados
por elemento humano distinto, regionalmente afastados, tinham, contudo, um
ponto em comum, todos eram anti governo central, contestadores do regime
monárquico. Coincidência? Acredite, se quiser. Neste pano político geral,
retomemos a observação detalhada sobre a guerra Farroupilha, mote deste rápido
texto. As causas da epopeia Farroupilha encontram-se nas articulações maliciosas
no governo do Império, que decidiam medidas fomentadoras de insatisfação na
província sul rio-grandense. Os líderes desta gente do sul, com seus gaúchos
guerreiros, haviam sustentado um conflito
bélico com sangue e coragem e, quando
chegam os tempos de Paz, o governo central cria impostos sobre a propriedade da
terra em que cultivavam um pouco de
trigo , castiga a atividade pecuária comprando charque do estrangeiro
(Argentina e Uruguay ) e taxando o gado
em pé que tropeiros levavam a São Paulo
para abastecer os mercados do centro do País, imposto denominado “Registro” cujos valores seriam
passíveis de ressarcimento aos cofres da Província rio-grandense, mas, de fato,
jamais realizados. Parece um cenário de total “ non sense”, entretanto, numa
análise mais profunda é fácil perceber tratar-se duma estratégia bem elaborada
para gerar insatisfação e revolta. O General Bento Gonçalves, maior liderança
dos gaúchos, reiteradamente argumentava, através de cartas e presencialmente na
Corte, contra tamanhos disparates. Homem de alma nobre, nunca pediu sua
designação à presidência da Província, sustentava, tão somente, que tais atitudes
para com o Rio Grande cessassem. Nunca foi atendido. Neste ambiente de intrigas,
Bento conheceu a Maçonaria. A partir daí a revolução aconteceu, com suas penas
e graças. As sociedades secretas tratavam de criar o problema e apresentar a
solução. A revolução Farroupilha entrou definitivamente na agenda internacional
da Nova Ordem republicana global. A primeira evidência é o nome que a designa, -Revolução
FARROUPILHA. O termo Farroupilha (Farrapos), remonta à data de 1559, quando a
Espanha de Felipe II-rei cristão- governava os Países Baixos, e designou sua
meia-irmã Margarida de Parma, como princesa regente destes territórios. Houve
um momento na linha histórica em que lideres Calvinistas, Maçônicos,
Carbonários, da Holanda e Bélgica, solicitaram um encontro político com a regente,
em Bruxelas, a fim de expor insatisfações das políticas estabelecidas por
Felipe II para com eles. Nesta tensa reunião, um conselheiro da Regente, disse-lhe:
“Não os receba, são uns farrapos” (farroupilhas). Os cavalheiros envolvidos no acontecimento
tomaram politicamente para si o termo Farroupilha, que a partir daí, assume o significado,
entre eles, de revolucionários combatentes contra o regime monárquico e a
Igreja Católica. Vem destes séculos longínquos
o nome da Revolução deflagrada em 1835 na Província do Rio Grande do Sul. Não
há nada oculto que não venha a ser revelado. Em 1832 já existia um partido político
na capital do Império denominado Farroupilha. Os líderes rio-grandenses no período
pré-eclosão da revolução já estavam cooptados pelas sociedades secretas
internacionais, e, foi neste diapasão que a província mergulhou em agitação,
cuja resultante desaguou no movimento de tropas revolucionárias, dia 20 de
setembro de 1835 (data com significado dentro da Carbonária ), que a partir da Azenha (então região
periférica de Porto Alegre) marcharam sobre a capital da província. A”intellegentia” Maçônica já conduzia a revolução
farrapa. Portanto, a presença de muitos estrangeiros entre os revoltosos, não
causa nenhuma surpresa. Havia italianos, irlandeses e até norte-americanos.
Giuseppe Garibaldi - comandante militar- e Tito Lívio Zambicarri -ideólogo,
braço direito de Bento Gonçalves-, bem testemunham este fato. Tal batalha, a
tomada de Porto Alegre pelos Farroupilhas, deu início à primeira fase do
movimento revolucionário. Neste tempo
ainda era uma revolta, com bandeiras revolucionárias. Os combates entre
Farroupilhas e tropas imperiais espalharam-se pelo território, sem definição de
vitória definitiva. Este ciclo durou um ano para assumir novo caráter. Ora, os
farroupilhas sustentavam a guerra com recursos particulares dos seus líderes
que perceberam ser importante receber apoio material de eventuais aliados. Por
óbvio, o apoio mais provável teria de vir do vizinho Uruguay. Quando fizeram contato
com Frutuoso Rivera- presidente caudilho uruguaio-, ele lhes respondeu não poder ajuda-los porquanto tinha boas
relações com o Império brasileiro e não se imiscuiria em assuntos internos do
Brasil, mas, se o Rio Grande fosse um país independente poderia apoiá-los. A
resposta de Rivera foi o estopim para transmutar a epopeia Farroupilha, de
revolução em Guerra. Esta foi a razão pela qual o General Souza Neto, no dia 10
de setembro de 1836 na região do arroio do Seival ( Bagé) declarou a
independência da República Rio-grandense ( republica do Piratini ) . Souza
Neto informou Bento Gonçalves e o
chamou para comandar a batalha da independência. No caminho ao Seival, Bento
Gonçalves foi feito prisioneiro do Império. A mão secreta que trabalhava para a
fragmentação do Brasil atingia o objetivo de criar repúblicas no território
brasileiro. Agora, era uma guerra entre países. Rivera não cumpriu a promessa
de ajuda. Sem apoio do governo da República Uruguaia e sem um porto para
estabelecer contato com o exterior já que as tropas Farroupilhas nunca
conseguiram tomar Rio Grande, estavam isolados, sem poder importar ou exportar
fosse o que fosse. Por isso a fantástica aventura guerreira para conquistar
Laguna e declarar a república Juliana. Laguna seria o ponto de contato com o mundo,
fazendo comércio e recebendo ajuda da Europa, a estrutura oculta poderia apoiar
decisivamente a guerra à favor dos Farroupilhas. Não foi possível sustentar a
posição diante do avanço das forças militares Imperiais. A guerra, dura e
injusta, perpassou 10 anos, até que finalmente os farroupilhas, exauridos em
seus recursos, acordaram um tratado de Paz com o Império do Brasil. Ainda que
dividindo seus comandantes. Não houve vencidos nem vencedores. Houve sim, uma
paz honrosa que reunificou o Brasil. Os interesses globalistas, sob o sangue
dos bravos, foram frustrados, não obstante continuarem sempre trabalhando
contra o Brasil, a usar diferentes organizações e métodos tentando fazer com que a nação brasileira se
degrade sob todos os aspectos, sejam eles morais ou materiais. O Brasil sempre
foi peça chave para a implantação da Nova Ordem Mundial despontada na revolução
Francesa.
JR Vilhena