segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Mitologia Grega e a rotulagem dos produtos transgênicos

Na antiga religião dos Gregos Helênicos, tudo era divino. A mitologia daquela notável civilização procurava responder aos corações e mentes qual o fundamento da existência humana. Quem sou? Que faço? Onde estou? Entre incontáveis deuses e divindades, respostas vivas e permanentes destes questionamentos, há Eros, o deus encarregado de unir, multiplicar, modificar espécies animais e vegetais, mais ainda, os minerais e os fluidos. Deus da criação, da diversidade evolutiva. Em oposição no mundo divino, existe Anteros, o deus que afasta, impede a aproximação daquilo cuja Natureza é desassemelhada. Eros diversifica, Anteros dá os limites, impossibilita o estabelecimento do Caos na Natureza. Este introito serve como estribo ético para uma rápida reflexão sobre a transgenia no nosso mundo globalizado e tecnológico. A ciência deu à humanidade condição tecnológica de alterar o DNA das espécies animais e vegetais, numa engenharia capaz de introduzir no código genético das mesmas, características antinaturais. Sob alegação de salvar a humanidade da fome, agricultura e criação de animais vêm sendo paulatina e persistentemente dominados por organismos transgênicos.  Entretanto, as consequências do consumo destes organismos, na esfera ecológica, econômica, sanitária, politica e moral, ainda não podem ser avaliadas. No Brasil, a introdução destes organismos suscitou acalorados debates. Mas, depois de tanta argumentação contra e a favor, o país tornou-se o maior produtor mundial da agricultura transgênica. O antigo estigma de país laboratório. Na resultante interna, ficou legislada a rotulagem de produtos que contivessem elementos transgênicos. Cá pra nós, de pouco efeito esclarecedor ou comercial. Sejamos francos, o povo brasileiro quando vai às compras fixa-se, quase exclusivamente, no preço da mercadoria. Contudo, ainda que aparentemente inócua, a rotulagem é importante, pois funciona como compromisso ético de informar às pessoas aquilo que elas estão consumindo. Uma sociedade sustentável deve primar pela transparência e verdade. Ou não?

José Maria Rodrigues de Vilhena

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