Mitologia Grega e a rotulagem
dos produtos transgênicos
Na antiga religião dos Gregos Helênicos, tudo era
divino. A mitologia daquela notável civilização procurava responder aos corações
e mentes qual o fundamento da existência humana. Quem sou? Que faço? Onde
estou? Entre incontáveis deuses e divindades, respostas vivas e permanentes
destes questionamentos, há Eros, o deus encarregado de unir, multiplicar,
modificar espécies animais e vegetais, mais ainda, os minerais e os fluidos.
Deus da criação, da diversidade evolutiva. Em oposição no mundo divino, existe
Anteros, o deus que afasta, impede a aproximação daquilo cuja Natureza é
desassemelhada. Eros diversifica, Anteros dá os limites, impossibilita o
estabelecimento do Caos na Natureza. Este introito serve como estribo ético
para uma rápida reflexão sobre a transgenia no nosso mundo globalizado e
tecnológico. A ciência deu à humanidade condição tecnológica de alterar o DNA
das espécies animais e vegetais, numa engenharia capaz de introduzir no código
genético das mesmas, características antinaturais. Sob alegação de salvar a
humanidade da fome, agricultura e criação de animais vêm sendo paulatina e
persistentemente dominados por organismos transgênicos. Entretanto, as consequências do consumo destes
organismos, na esfera ecológica, econômica, sanitária, politica e moral, ainda
não podem ser avaliadas. No Brasil, a introdução destes organismos suscitou
acalorados debates. Mas, depois de tanta argumentação contra e a favor, o país
tornou-se o maior produtor mundial da agricultura transgênica. O antigo estigma
de país laboratório. Na resultante interna, ficou legislada a rotulagem de
produtos que contivessem elementos transgênicos. Cá pra nós, de pouco efeito
esclarecedor ou comercial. Sejamos francos, o povo brasileiro quando vai às
compras fixa-se, quase exclusivamente, no preço da mercadoria. Contudo, ainda
que aparentemente inócua, a rotulagem é importante, pois funciona como
compromisso ético de informar às pessoas aquilo que elas estão consumindo. Uma
sociedade sustentável deve primar pela transparência e verdade. Ou não?
José Maria Rodrigues de Vilhena
Nenhum comentário :
Postar um comentário