terça-feira, 6 de outubro de 2015

Quando chega a Primavera

A Vida me proporcionou visitar cerca de 40 países. Viajando através de 3 continentes, conheci centenas, talvez um milhar, de cidades pelo planeta afora.Tal perspectiva, instigou-me descobrir mais detalhadamente Porto Alegre, minha cidade natal. Estabeleci comparações e dei real valor a suas belas e boas características. Creiam, há traços singulares nesta valorosa cidade, não muitos é verdade, porém marcantes para quem aqui vive ou visita. Alguns são facilmente reconhecidos. O rio Guaíba, o por do sol, estão entre eles. Há outros, pouco percebidos, e é sobre um deles que  pretendo voltar meu olhar e reflexão. Refiro-me à arborização de Porto Alegre. Histórica e linda, encantadora nas vias públicas e em áreas particulares, resulta do esforço idealista de administrações municipais e consciência ecológica dos cidadãos que estruturaram esta cidade. Ruas com túneis verdes, Paineiras, Ipês , Jacarandás, Tipuanas, entre outras maravilhas vegetais, dão graça e belezas únicas á capital. Mas, algo grave ocorre. Quem observa a urbe, fica pasmo, há marcas, por toda parte, de árvores abatidas ou sob poda radical. Parece existir  uma politica no município, norteada pelo conceito de que árvore não é prioridade, tudo justifica a derrubada ou mutilação. As razões podem ir de fazer sombra numa janela até ampliar hospital, passando por criar área de estacionamento, facilitar acessos, permitir passagem de automóveis, desimpedir caminhos de fios. A távola rasa da eliminação é sempre a solução simplista. Ora, menos árvores significa redução dos pássaros, mais insetos, menos sombra, mais calor, menos ar de qualidade, mais barulho e sobretudo menos beleza. Caminhamos no sentido de tornar Porto Alegre árida e artificial. A consequência será embrutecer o espirito dos seus habitantes. O homem é produto do meio. Quando chega a primavera, deve haver flores nas ruas. Cabe à administração pública, induzir uma atitude de respeito e afeto ao belo oferecido pela ,Natureza. Pois, nem só de pão vive o homem.


José Maria Rodrigues de Vilhena

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