O incansável tema do muro da Mauá.
Mais uma vez
vem à baila a discussão sobre o Dique da Mauá. Os debates sobre a referida barragem
iniciaram nos anos 1970, quando da construção da mesma. Vivíamos à época do
regime militar e a oposição, sob censura, usava todo o tipo de oportunidade
para confrontar o governo. Usava como burla, principalmente, a questão
ambiental. Pois bem, o chamado muro da Mauá sofreu antagonismo na grande mídia,
onde os jornais registravam acalorados e emocionados ataques ao mesmo. Intransigentes,
os que advogavam a não construção, pediam a demolição depois de concluída a
obra. Justificavam posição dizendo que o muro (eufemismo retórico) afastava o
rio -hoje nomeado lago-, da população, cerceando-a socialmente. Ó cruel
ditadura. Tiveram sorte porque o dique impediu o avanço das águas sobre a
cidade nas ocasiões de enchentes. Gostaria de vê-los explicar os prejuízos e
danos se tal acontecesse. O fato é que a barragem da Mauá faz parte de um
sistema de drenagem no intento de proteger a urbe nos momentos de crítica vazão
de cheia do rio. Um sistema que se
estabelece ao longo de quase 70km nas margens porto-alegrenses do Guaíba. Foi
projetado para conter uma inundação de proporções similares à acontecida em
1941. Projetado com tempo de recorrência de 100 anos, significa dizer que a
possibilidade de uma enchente com tamanho volume d’agua ocorrer novamente, é de
uma a cada século. A barragem da Mauá faz parte dele. Porto Alegre não será
inundada em 99% das ocasiões de enchente do rio. Bem, trata-se de tranquilizadora
perspectiva. Agora, imaginem a quantidade de enchentes de menores proporções que
atingiram e podem atingir Porto Alegre em 100 anos e cujos alagamentos seriam
desastrosos se não fossem ou se não forem evitadas. O dique já nos protegeu
delas e o fará no futuro. Portanto, a obra da Mauá, a barragem construída na
área do porto da capital, pode prejudicar esteticamente a cidade, mas indubitavelmente.
necessária.
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