Enchente
medonha. A Natureza não pode ser desprezada.
Está sendo horrível. Quando as persistentes chuvas
começaram a castigar o centro e norte do estado do Rio Grande do Sul, a região que
compreende a bacia hidrográfica do estuário Guaiba, ela, a chuvarada, se
transformou numa tragédia diluviana. para 1/3 do estado. Sobreveio a enchente
medonha, trazendo consigo morte e desolação, ceifando centenas de vidas humanas
e milhares entre animais, arrasando, com suas águas, bairros e cidades. As
águas, origem da vida, anunciam desta vez, a catástrofe. Cheias, na hidrologia
desta Bacia, são historicamente normais, mas, esta enchente é inaudita. As
águas, usando a geomorfologia desta parte do estado, descem da Serra Geral,
através dos rios contribuintes do estuário Guaíba – é dizer: Jacui, Cai, Taquari,
Sinos- . Quando tais cursos d’água alcançam a depressão central, formam o dito
estuário (também chamado de lago ou rio). A partir daí, as águas fluem, por
intermédio da lagoa dos Patos, até desaguar no Oceano. E, esse é o processo critico
na hidrologia do sistema. Grande pluviometria aumenta o VOLUME d’água a ser
escoado. Ora, a diferença de cotas entre a foz do Guaíba e a foz da lagoa dos Patos,
é pequena. Portanto, caminha devagar a água, até ser lançada no Oceano. Temos o
volume hídrico imensamente aumentado, e a VAZÃO de escape impossibilitada de
crescer na mesma razão, em grande parte, pelo afunilamento da saída ao Atlântico,
conseqüência da construção dos molhes na barra de Rio Grande. Significativa obra
hidráulica que nestes momentos excepcionais mostra o dano ecológico produzido
por ela. A resultante, quando o volume a
ser escoado aumenta e não há condições físicas de dar-lhe vazão, é óbvia:
transbordamento da calha. Bem, não podemos comandar o céu com suas chuvas e ventos,
que possivelmente fiquem mais severos e desfavoráveis a nossa civilização. A mão humana só pode intervir a favor da
proteção dos melhores interesses da sociedade adaptando-se a hidrologia
original do sistema Guaíba- Lagoa dos Patos- Oceano. Neste sentido, ´é fundamental
evitar o desflorestamento das encostas dos morros, preservar as matas
ciliares, manter o solo urbano e rural o mais permeável possível. Com tais
procedimentos, haverá a redução da massa d’água a ser escoada. . E quando o
gargalo de saída deste volume hídrico na barra de Rio Grande, favorecer a
velocidade de saída da água acumulada na lagoa, ter-se-á recuperado a
eficiência hidráulica do sistema referido e, estaremos em condições bem mais
robustas para enfrentar fenômenos drásticos da Natureza. Natureza que nos
ensina e com a qual devemos apreender. Neste contexto, nosso engenho, criterioso,
pode agir com obras pontuais. Tomaremos tais providências ou ficaremos no
clássico proselitismo dos oportunistas da hora? Não sei, não sei.
José de Vilhena
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