terça-feira, 4 de junho de 2024

 

As carroças de Porto Alegre e o mundo da Esquerda-direita


Na Cidade de Porto Alegre, quando da minha infância, produtos necessários à sobrevivência diária da população, vinham itinerantes pelas ruas em carroças de verdureiros, leiteiros e padeiros, tracionadas por cavalos. Lateralmente aos olhos dos pobres animais, punham-se sobre-olhos, de forma a bitolar a visão dos mesmos, proporcionando mais fácil condução aos carroceiros mercadores. Cruelmente bem pensado. O tempo passou, o menino já não existe mais, mas o homem calejado percebeu a mesma prática sendo utilizada na multidão humana, numa estratégia condutora das pequenas consciências , limitado-lhes a percepção do real.  A bitola para os humanos não é física feita em couro, para estes, ela é virtual, quase imperceptível, vem através da mídia, estreitando o mundo mental das pessoas. Os desorientados , cada vez mais numerosos, só enxergam o mundo através do prisma político que reduz  tudo à esquerda ou direita.  A sociedade dos simplórios que quanto menos conhecem mais tem certeza de que estão certos. Simples assim. Temas como ecologia, educação, sexualidade, criminalidade, bem estar social... Tudo que se possa definir é de esquerda ou de direita. Bitolados.  Nesta neblina intelectual, a multidão aguarda o que, provavelmente, jamais se realizará. Nem paraíso, nem Messias, nem apocalipse. A massa não percebe estar à humanidade numa guerra condutora à Nova Ordem Mundial, preparada para o reinado sombrio dos mentores mamonitas e guardada, a Ferro e Fogo, por capatazes comunistas. Enquanto a multidão brada, por este ou àquele, o teatro da III guerra mundial se expande, cometendo atrocidades escondidas sob a lengalenga de democracia, e neste diapasão impõe leis, regras e procedimentos. De tal forma a transformar a humanidade num rebanho controlado por tribunais psicóticos e desopilada pela euforia da droga e do jogo.  A lembrança infantil do eqüino sendo mansamente conduzido pelas ruas transforma-se na perspectiva duma humanidade manada conformada num rebanho resignado.

José de Vilhena