As carroças de Porto Alegre e o mundo da Esquerda-direita
Na Cidade de Porto Alegre, quando da minha infância,
produtos necessários à sobrevivência diária da população, vinham itinerantes pelas
ruas em carroças de verdureiros, leiteiros e padeiros, tracionadas por cavalos.
Lateralmente aos olhos dos pobres animais, punham-se sobre-olhos, de forma a bitolar
a visão dos mesmos, proporcionando mais fácil condução aos carroceiros mercadores.
Cruelmente bem pensado. O tempo passou, o menino já não existe mais, mas o
homem calejado percebeu a mesma prática sendo utilizada na multidão humana,
numa estratégia condutora das pequenas consciências , limitado-lhes a percepção
do real. A bitola para os humanos não é física
feita em couro, para estes, ela é virtual, quase imperceptível, vem através da mídia,
estreitando o mundo mental das pessoas. Os desorientados , cada vez mais
numerosos, só enxergam o mundo através do prisma político que reduz tudo à esquerda ou direita. A sociedade dos simplórios que quanto menos
conhecem mais tem certeza de que estão certos. Simples assim. Temas como
ecologia, educação, sexualidade, criminalidade, bem estar social... Tudo que se
possa definir é de esquerda ou de direita. Bitolados. Nesta neblina intelectual, a multidão aguarda
o que, provavelmente, jamais se realizará. Nem paraíso, nem Messias, nem apocalipse.
A massa não percebe estar à humanidade numa guerra condutora à Nova Ordem
Mundial, preparada para o reinado sombrio dos mentores mamonitas e guardada, a
Ferro e Fogo, por capatazes comunistas. Enquanto a multidão brada, por este ou
àquele, o teatro da III guerra mundial se expande, cometendo atrocidades
escondidas sob a lengalenga de democracia, e neste diapasão impõe leis, regras
e procedimentos. De tal forma a transformar a humanidade num rebanho controlado por tribunais psicóticos e desopilada pela euforia da droga e do jogo. A lembrança infantil do eqüino sendo mansamente
conduzido pelas ruas transforma-se na perspectiva duma humanidade manada
conformada num rebanho resignado.
José de Vilhena
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