quinta-feira, 11 de maio de 2017

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O alcance das pichações urbanas (ou tática da guerra cultural)

 Muito se tem comentado sobre pichações nos prédios e monumentos das cidades brasileiras. De fato, são degradantes. Reconheçamos, fazem parte da decadência urbana no Brasil. Urge entender razões e consequências deste fenômeno num País onde 85% da população mora em zonas urbanas, e, grande parte dela, vive em metrópoles ou megalópoles, resultado dum continuo e desorganizado processo de migração humana.  A urbe é uma entidade ecológica, portanto, não há dúvidas que a condição urbanística influência decisivamente a civilização brasileira. Já disse o poeta: o homem está na cidade e a cidade está no homem. A partir daí, é possível tomar consciência dum polinômio estético demolidor do ser humano. As pichações são um termo de tal equação. A Filosofia ensina que o belo é o esplendor do bem, agredir a polis resultará na ascensão do mal. Assim, é possível conectar as pichações-expressão da desilusão, ignorância e desesperança da juventude-, a arquitetura medíocre e negocial das cidades, o trânsito ansioso de veículos, o ruído constante do trabalho que nunca conclui, a poluição visual da propaganda abusiva, a miséria que faz das ruas sua casa e a ameaça da insegurança, e montar o tenebroso problema de onde advém a caída da vida urbana no Brasil. Depressão e isolamento são provas cabais deste mundo. Não é difícil reconhecer a doença, mas exige coragem aplicar a cura. As pichações urbanas fazem parte da moléstia, sua prática deve ser entendida em todo seu alcance desestruturante da saúde mental dos moradores da cidade. Não há outra alternativa senão combatê-la com rigor. Sem demagogias baratas que utilizam o argumento da liberdade de manifestação ou arte das ruas. Basta deste fingido sentimento de participação. Dura Lei. As outras agressões estéticas podem ser evitadas por legislação, educação e vontade política. O importante é barrar a irresponsável degradação do ambiente urbano que, se a algum propósito serve, não é a convivência proveitosa dos moradores da urbe.

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