Pampa,
financiamento e sustentabilidade
Se há uma notícia boa, nestes conturbados tempos em que
vivemos no Brasil, não é a classificação no campeonato mundial de futebol. A
grande nova para o Brasil e, especialmente para o Rio Grande do Sul, é aquela
veiculada no Jornal do Comercio dia 22 de julho. Refiro-me ao projeto do Estado
para financiar pecuaristas, a fim de preservar os campos nativos do Pampa. Este
sim, é um projeto de sustentabilidade. A introdução do gado nas pradarias do
Pampa é um caso de sucesso ecológico na difícil compatibilidade de animais
exóticos num bioma estabelecido. Equinos e bovinos foram introduzidos num bioma
onde não havia predadores, tampouco outros mamíferos nativos de grande porte para
disputar o espaço vital. Até mesmo seu ciclo alimentar favoreceu o ambiente, tanto
no reino animal quanto vegetal. Estes animais, exerceram papel fundamental no
transporte, ocupação humana e no comércio do couro para a Europa que então se
realizava através da Colônia do Sacramento (feitoria portuguesa à época). Com
eles, definiu-se a economia e forjou-se o espirito do gaúcho. Entrados os anos 1700,
o gado criado no Pampa abastecia de carne à população que explorava ouro e
diamantes nas Minas Gerais. Os campos nativos do Pampa, face ao clima mais propício
e qualidade das pastagens, o que resultava na melhor adaptação de raças europeias,
acabou por deslocar a criação de animais de transporte e corte do nordeste(Piauí-Bahia)
para o sul e posteriormente trouxe as charqueadas do Ceará para o Rio Grande do
Sul. Nesta linha de harmônica adaptação ambiental e recompensadora produção
econômica, o bioma Pampa foi mantido ecologicamente sustentável atravessando os
séculos e em condições de estar produtivo para vencer os desafios do futuro.
Portanto, louve-se tal projeto do governo, que é visionário e muito importante
para todos que respeitam a Natureza e as Tradições. O Pampa vive, e com ele a
alma do gaúcho.
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