Dependência
Rodoviária, uma história de erros
É tema recorrente na mídia a questão do transporte no
Brasil. Há anos escrevo sobre o assunto, mas,
diante da atual ameaça de paralização dos caminhoneiros, se faz importante
uma reflexão sobre as razões do fato que aflige o País. O perigo do desabastecimento dos centros
urbanos, caso haja este movimento paredista, é a paga da falta de estratégia na
área dos transportes. O Brasil ficou refém das rodovias. É história, quando
chegou ao fim o 2º império, havia uma malha ferroviária de 11ooo km e mais
9000km projetados. A navegação de cabotagem, nos anos de 1920, unia o extremo Norte
com o Sul do País e meios flutuantes trafegavam intensamente nos rios e lagos,
a aviação nos anos 1950 ligava o interior do País. Tal estrutura, entrou em
decadência quando no final da década de 1950 a indústria automobilística é
introduzida na sociedade brasileira, e sofreu fatal impacto no regime militar
de 1964 pois o governo de então procurou neutralizar o sindicalismo que controlava
– ou pelo menos se imaginava assim- a rede ferroviária e os portos do Brasil. A bem da verdade, o presidente Geisel, em
meados dos anos 1970, tentou, através de um programa de investimentos,
recuperar o sistema ferroviário, não foi mais possível. Os portos internos
entraram em decadência e os aeroportos no interland foram desativados. Sim, o
modelo rodoviarista reinou, trazendo a dependência dos caminhões e do petróleo.
Movimentar riquezas e pessoas tornou-se mais dispendioso e arriscado, acrescido
ao fato de que o modelo rodoviarista trouxe inaudita devastação no ambiente
natural, agredido numa facilitada ocupação descontrolada. Ao invés da
necessária sinergia dos modais de transporte, criou-se uma peça disforme onde
há total dependência das rodovias. Solução, agora, é modernizar as rodovias
existentes, restabelecer o modal ferroviário, reestruturar hidrovias e portos e
implantar aeroportos regionais. È custoso, demanda tempo, mas é indispensável.
