Corona Vírus, Minas e a tragédia
Aprendi, nos
bancos escolares, que as tragédias nos atingem de acordo quão próximas estão de
nós e pela grandiosidade do evento. Assim, a morte de um vizinho é mais impactante,
individualmente, do que a morte de 100 pessoas na Inglaterra e o alaga mento do
nosso quintal é mais trágico do que a inundação duma cidade na China. Contudo,
no mundo contemporâneo parece que tal lógica está sendo modificada. Comunicações
instantâneas, instrumentalizadas pela mídia globalizada, ditam a importância de
cada fato que acontece no globo terrestre. Reparem, um vírus que matou pouco
mais de uma centena de pessoas na China assusta a humanidade como ameaça
temível, relatam os veículos de comunicação de massa. Ora, óbvio tratar-se duma
ameaça e, suas causas devem ser conhecidas e as políticas de contenção rapidamente
implementadas. Mas, vamos lembrar que outro evento trágico acontece no estado
de Minas Gerais, onde encostas de morros deslizam e riachos transbordam, drama que
já roubou a vida de 80 pessoas e desabrigou milhares. Tragédias ambas situações,
porém com destaques midiáticos completamente diferentes. Por quê? Resposta
rápida: O Corona vírus é uma ameaça biológica de amplitude planetária, pode ser
manejada para instaurar o medo e abrir portas para negócios bilionários. As
águas que assolam Minas Gerais, é um acontecimento desastroso de recorrência
quase anual com reflexos regionais, está contextualizado na infelicidade
brasileira, só. Contudo, há um ponto em comum nestas duas tragédias: a dissonância
da humanidade com o meio ambiente. No compasso
em que demografia humana cresce, cada vez mais os recursos naturais, na sua
complexidade, são levados ao limite. No
Brasil e na China, há a clara evidência duma consequência da migração
populacional empobrecida que massivamente se desloca para centros urbanos. Resulta
daí, a ocupação de áreas de risco e da aglutinação descomunal de pessoas em megalópoles.
Tal situação, desequilibra ecologicamente a geografia física e humana. Pré-dispõe
à tragédias quando de chuvas intensas (cenário mineiro) e rápida propagação de
doenças (cenário chinês). O futuro é uma incógnita, mas, a mim parece, que a
espada de Desdemora paira sobre a cabeça do Homem.
José Maria
rodrigues de Vilhena
Engenheiro e
ecólogo

