sábado, 4 de dezembro de 2021

 


O Centro de Porto Alegre sob a campanha do Bota- Abaixo.

O centro de uma cidade é seu coração. Ele abriga as origens e as primeiras lendas e legendas dos grupos étnicos e sociais iniciadores da urbe. Tal fato, no Brasil, trata-se de mera retórica, pois que, aqui no desbaratado país tropical, dar importância à História é coisa sem sentido. Tudo passa em vão. Portanto, não surpreende que haja tramitado na administração de Porto Alegre –Executivo e Legislativo- projeto visando alterar o estabelecido pelo Plano Diretor ao Centro da cidade. A nova ordem concebida para a área central,-calcada em discutíveis princípios técnicos, humanos e culturais-, estabelece novos   índices ocupacionais dos terrenos, altera os limites nas alturas dos prédios e até o muro da Mauá cogita-se demolir no intuito de transformar o porto num grande play graund. Tudo sob o argumento de revitalização da área central. Por favor, a revitalização é necessária (extremamente), mas, sua execução é complexa, com consequências de longo e permanente alcance. Passa por fatores sociais, comerciais, históricos, culturais e de infraestrutura urbana. A concepção do bota-abaixo determinará o fim das raízes da nossa capital. Por enquanto, sugiro que a administração municipal apague pichações, refaça passeios, revitalize o mobiliário urbano, impeça comércio ilegal de calçadas, combata a poluição visual, incentive o comércio formal de porta de rua, crie atrativos pontuais de convivência, aplique IPTU diferenciado para prédios de interesse estético-histórico, melhore a segurança na região. Ah! Estas ações não levariam o Centro a sua época áurea, mas, o revitalizariam dando-lhe a capacidade de ressurgir com o valor que merece. A população espera e deseja este renascer. O bota-abaixo, favorece interesses financiais específicos e mantém a aliança perversa entre poder econômico e interesses políticos de grupos enraizados no estado brasileiro. Nestes círculos, a vida do povo e cidade, que é sua morada, não importa. Bota-abaixo!

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