O Centro de Porto Alegre
sob a campanha do Bota- Abaixo.
O
centro de uma cidade é seu coração. Ele abriga as origens e as primeiras lendas
e legendas dos grupos étnicos e sociais iniciadores da urbe. Tal fato, no
Brasil, trata-se de mera retórica, pois que, aqui no desbaratado país tropical,
dar importância à História é coisa sem sentido. Tudo passa em vão. Portanto, não
surpreende que haja tramitado na administração de Porto Alegre –Executivo e
Legislativo- projeto visando alterar o estabelecido pelo Plano Diretor ao Centro
da cidade. A nova ordem concebida para a área central,-calcada em discutíveis princípios
técnicos, humanos e culturais-, estabelece novos índices ocupacionais dos terrenos, altera os
limites nas alturas dos prédios e até o muro da Mauá cogita-se demolir no
intuito de transformar o porto num grande play graund. Tudo sob o argumento de
revitalização da área central. Por favor, a revitalização é necessária
(extremamente), mas, sua execução é complexa, com consequências de longo e
permanente alcance. Passa por fatores sociais, comerciais, históricos, culturais
e de infraestrutura urbana. A concepção do bota-abaixo determinará o fim das
raízes da nossa capital. Por enquanto, sugiro que a administração municipal
apague pichações, refaça passeios, revitalize o mobiliário urbano, impeça
comércio ilegal de calçadas, combata a poluição visual, incentive o comércio
formal de porta de rua, crie atrativos pontuais de convivência, aplique IPTU
diferenciado para prédios de interesse estético-histórico, melhore a segurança
na região. Ah! Estas ações não levariam o Centro a sua época áurea, mas, o
revitalizariam dando-lhe a capacidade de ressurgir com o valor que merece. A
população espera e deseja este renascer. O bota-abaixo, favorece interesses
financiais específicos e mantém a aliança perversa entre poder econômico e
interesses políticos de grupos enraizados no estado brasileiro. Nestes círculos,
a vida do povo e cidade, que é sua morada, não importa. Bota-abaixo!
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