Brasil, onde as cidades perdem a memória.
Irremediavelmente perdido, levado pelo vento
negro da ignorância, perdemos nosso patrimônio histórico construído. Eis o
destino das cidades do Brasil, entre elas, claro, Porto Alegre. A gente
brasileira, por razões sociológicas de formação, não tem interesse por sua
linha histórica do tempo. Mergulhada nas agruras da sobrevivência cotidiana,
torna-se incapaz de perceber que importante parcela dos desajustes morais,
culturais, educacionais e comportamentais que a atingem, advém deste descaso. Gerações,
alienadas do sublime, se sucedem, menosprezando àquelas que as antecederam. Ora,
os ambientes, natural e edificado, são fatalmente atingidos por este germe de
estupidez. E, as cidades brasileiras representam formidáveis exemplos deste
fato. Aqui, as urbi permanecem em eterna adolescência, jamais se estabilizam, a
maturidade tranquila nunca chega. Populações incham o espaço urbano, o que, inexoravelmente,
leva ao bota abaixo do patrimônio
arquitetônico construído através de séculos, afinal, é preciso ajustar-se aos
novos tempos. Como se, para isso, fosse necessário exercer uma política de devastação
predial das construções do passado e a consequente descaracterização de sítios.
Sem dó nem piedade, em nome de negócios e facilidades ditas necessárias para
uma cidade moderna e socialmente justa, apagam a memória afetiva da população e
a beleza legada pela arquitetura edificada no cruzar dos anos. Cidades sem
alma. Tamanha barbaridade, escondida pelo manto do admirável progresso -ainda
que não se saiba exatamente o seu significado-. E tudo é da lei, já que planos
diretores e legislações complementares vão, sistemática e periodicamente,
adaptando a cidade a interesses da hora, sejam eles dos mais diversos teores. A
ganância e a omissão põem abaixo, de forma legal, as cidades brasileiras. Beleza,
História, lembranças e tradições...basta viajar à Europa e ficar deslumbrado.
José de Vilhena
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