Independência
do Brasil, detalhes ocultos
Às
margens do riacho Ipiranga na São Paulo antiga, num 7 de setembro da quase
primavera de 1822, D. Pedro de Alcântara- príncipe regente do Brasil- bradou:-Independência
ou morte. Para viver este instante,muita
História oculta transcorreu. O grito de
independência do Brasil, representou o epilogo dum período político do Império
Português e foi desdobramento de acontecimentos da revolução Francesa (1789) que se espargia pelo Velho
Continente, carregada pelos canhões dos exércitos do general e imperador francês, Napoleão
Bonaparte. Este homem manejou a força militar, que a partir de 1796 na Europa, deu
fim às monarquias absolutistas, exceção feita à Rússia. Em 1808, chegara a vez
de cortar a cabeça do rei Português, então representado por D. João, príncipe
regente. Não houve outra possibilidade à D João, senão retirar-se com sua corte
para o Portugal de além-mar, o Brasil. Retirada, há anos planejada, na
expectativa de fugar à nova ordem republicana que se impunha no velho mundo. Premido,
o Império Português, pelos interesses ingleses e franceses, considerando mesmo
a possibilidade do desaparecimento, D. João, cujo aspecto físico possuía ares
de tolo, mas, na verdade, era monarca -inteligente, sagaz, cercado de bons
conselheiros e bem informado-, equilibrou-se em negociações. Decidiu embarcar
para o Brasil, na duodécima hora. Atravessou o oceano, na perspectiva de estabelecer
em terras brasílicas a matriz do reino Lusitano. A partir daí, conformou as bases estruturais, sobre
as quais, o Brasil impulsionou inexorável desenvolvimento. Foi amado pelo povo
e amava esta terra. O rei não pretendia retornar ao Portugal, governaria daqui.
Testemunha tal intenção o fato de Napoleão, depois de cumprir a missão, a qual,
as forças revolucionárias da Nova Ordem Republicana lhe haviam induzido, caiu
em desgraça. Foi derrotado e isolado. Isto aconteceu no ano de 1816, e o então,
já rei Português, D. João VI, só volta a Portugal em 1820. E retorna à Lisboa
diante duma revolução liberal-republicana, que ameaçava a monarquia. Revolução que entre seus propósitos escondia a estratégia de retirar a família Real das terras brasileiras.
Nenhuma monarquia nas Américas seria admitida em tempos republicanos. Havia
convicção de que o sistema monárquico na Europa estava com os dias contados.
Portanto, afastar a família Real da geografia brasileira abririao caminho para
fragmentar o território brasileiro, dando espaço à criação de repúblicas submetidas ao mando de eventuais aventureiros oportunistas. Assim aconteceu com os
vice-reinos espanhóis na América. D. João VI e seus conselheiros entenderam a manobra no tabuleiro geopolítico arquitetado pelos interesses políticos/econômicos da
alta burguesia europeia e posta em prática através da ideologia de poderosas
sociedades secretas. Diante da situação,
D. João VI entende a premente necessidade de manter o comando monárquico no
Brasil. Ele gostaria de ficar, nunca esqueceu sua vontade de permanecer nesta
terra tropical, o idealizado imenso Portugal. Poderia enviar seu primogênito
Pedro de Alcântara à Lisboa para assegurar a Coroa. Entretanto, o príncipe
herdeiro era homem , por temperamento, pouco afeito à negociações políticas. Pedro de Alcântara em Portugal seria a guerra
civil. Por isso, à contragosto, embarca, ele, el Rei, a fim de apaziguar o país
luso. O Brasil, sem a presença do rei,
transformou-se em terra fértil para ideias republicanas planificadas em círculos secretos, nacionais e europeus. Mais uma vez, D. João VI mostra capacidade
visionária, e recomenda ao príncipe Pedro: ”Filho, lança mão desta coroa antes
que algum aventureiro o faça”. Aos 7 de setembro de 1822, o Brasil postou-se no
concerto das nações como um país soberano e monárquico, onde Pedro I, nosso rei
guerreiro, tornou-se o imperador de um Brasil permanentemente assediado pelas mais
sombrias ambições, ainda ativas após 200 anos. Mas, desvelar disputas e
desdobramentos desta História é tema para outras páginas.
José de Vilhena
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