segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

 

Olavo de Carvalho, Epícuro e Eu


 Tratou-se do maior filósofo brasileiro nos últimos 30 anos, retroagindo a partir de sua morte em 2022. Sim, é a Olavo de Carvalho que me refiro. O professor Olavo de Carvalho. Não foi com ele que conheci os filósofos da Grécia Clássica, pois que, já os estudava há longo tempo.  Contudo, quando li o livro do professor, -O Jardim das Aflições-, encontrei, através da análise do pensamento filosófico de Epicuro insight para desvelar o comportamento social do mundo hodierno. Numa brevíssima análise, é possível sintetizar a filosofia Epicurista na idéia de que na existência humana, só a práxis importa, ou seja, o materialmente tangível sobrepondo-se à busca da essência  do existir. As aflições humanas devem ser enfrentadas através da prática dos prazeres mundanos. Hedonismo. Uau! Mas esta é a perspectiva sobre a qual a humanidade caminha, induzida pelo establishment. Establishment, sinônimo suave do mecanismo oculto da Nova Ordem Mundial. Não é muito complicado perceber que após à II Guerra Mundial, acelerou-se um processo de banalização e deterioração das relações interpessoais, abrangendo aí, o indivíduo, o coletivo e o meio. Ética, estética, amor, amizade, solidariedade, arte, senso de justiça e outros sentimentos sublimes, pilares da humanidade iluminada pela espiritualidade, caem um após o outro num efeito dominó, fechando portas da consciência. Sem valores guiados   no sentido da Vontade, nosso mundo molda-se para que o caos se instale. Angústia e ansiedade se espalham, arrastando as gentes da civilização oprimida. Neste ambiente de tantas aflições, a Nova Ordem Mundial, utiliza o Epicurismo para formular a poção, quase imperceptível, que manipula corações e mentes da multidão, conformando-a. Prazer rápido para enfrentar a dor. O faz em escala global, veiculando a propaganda desta doutrina   na mídia escrita, radiofonizada, televisada. Seja feliz, uhuu !  A Terra em transe...suavemente.  Neste domínio, sub-repticiamente, abre espaço, divulga e, de forma subliminar, incentiva as massas às drogas (licitas ou ilícitas), ao sexíssimo (qualquer forma de gozo vale a pena), ao consumismo das quinquilharias tribalistas, as catarses grupais onde eventos futebolísticos e shows pretensamente culturais se fazem passar por expressões populares. Eis como homens e mulheres comuns, na vã esperança do não sofrer são aprisionados passivamente no jardim das aflições, entregando o comando da história à personagens de almas sombrias. Over dose de epicurismo para dopar a humanidade. Ad eternam, talvez.

José de Vilhena

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