quinta-feira, 19 de maio de 2016

Para entender o ministério da Cultura


O Brasil é o país das superficialidades, aqui nunca é permitido entender os acontecimentos com suas causas e consequências. Tudo está sempre conduzido por interesses pontuais que se perdem no tempo depois de arreglados. O mundo brasileiro se move através do espetáculo midiático, que por sua vez, encontra força motriz nas manchetes da hora. É assim na economia, meio ambiente, politica, saúde, segurança, educação e cultura. É caráter da civilização brasileira. O assunto momentoso é a desmobilização do ministério da Cultura. Oh! Meu Deus! Que será do Brasil? É o caos, pelo menos é a propaganda que um grupo de artistas (Será melhor dizer trabalhadores da arte?), protegidos e com visibilidade, espalha, nos meios de comunicação de massa, contra o governo recentemente assumido. Sobre a nova administração da casa, colocam-lhe a pecha de trabalhar contra a cultura nacional.  Data vênia. A cultura de quem? Dos produtores de filmes que exploram e glamurizam a miséria e crime, e trabalham para desacreditar instituições, das peças teatrais delirantes, dos projetos vaidosos de artistas consagrados. Será interessante saber como estão os nossos museus, as salas de cinema que fecham, a literatura cada vez menos prestigiada, os artistas populares, as tradições folclóricas da nação, o conhecimento da história do país, a consciência das riquezas naturais, o patrimônio arquitetônico, a utilização da língua mater. Ora, a Cultura de um povo se escreve com estas ideias. Bem, se é assim, e de fato é, estamos mergulhados num processo de destruição cultural do Brasil. Isto é grave. Povo que não se reconhece, não se ama fraternamente e não encontra motivo para sonhar o futuro. Sem cultura, seremos transformados num acampamento de párias. O ministério da Cultura, quando trabalhando para a nação, é instrumento de segurança dos valores de uma civilização. O simulacro de ministério da Cultura que operava no Brasil fazia exatamente o inverso, tratava de realizar trabalho deletério na cultura brasileira e o fazia com a ajuda de grupos, autoproclamados, iluminados donos das decisões no campo da Cultura cujo objetivo principal era receber prestigio e dinheiro. O sistema os coopta e utiliza-os enquanto forem úteis. É o histórico patrimonialismo do Estado brasileiro. Cada um toma um pedaço dos negócios da nação   e o transforma, metaforicamente, numa capitania hereditária, sem vergonha dos fins abomináveis que possam intentar. 

domingo, 15 de maio de 2016

De Pedro II a Dilma Rousseff


Quem usa de critérios honestos, ao estudar a História do Brasil, conclui que D. Pedro II foi o maior estadista produzido na civilização brasileira. Probo, equilibrado, culto, sofrido, bondoso, amoroso com sua gente, as páginas da História o relatam como o Rei filósofo. Em 15 novembro de 1889, foi deposto. E numa tépida noite do Rio de Janeiro, embarcado, com a família e poucos amigos, num navio com destino à Europa. Este homem, que conseguiu manter unido o Brasil, bem quisto pelo seu povo, admirado no mundo por cientistas, artistas e estadistas. Rei, cujo pragmatismo fez aceitar que a economia do país só poderia funcionar com a existência da escravidão, mas a sabendo repugnante, tratou de engendrar um processo conduzido por leis capazes de tornar a abjeta instituição insustentável. Tal Imperador Moderador, ouvidor de todos, fossem ricos ou pobres, foi defenestrado da terra onde era o soberano afável e interessado no progresso da realidade brasileira. Possuía qualidades demais para permanecer no comando do governo deste país alvo de tantos interesses colossais. Expulso, durante a viagem, avisou ao comandante da escolta que o acompanhava em águas brasileiras, ser dispensável tal procedimento, pois se fosse algum tipo de reverencia, ele dispensava, se fora temor do seu retorno não havia motivo para preocupação, não pretendia impor-se à nação. Este homem, doou todos seus bens ao Brasil e pouco anos depois, morreu num hotel confortável e simples em Paris, sempre disposto a retornar, se solicitado fosse. Morreu cercado da família e alguns amigos. O tempo passa o tempo voa. Acabou o Império, veio a República, e nunca mais tivemos estabilidade duradoura.  O último e grave solavanco da república brasileira foi o impedimento da presidente Dilma Rousseff. Acusada e suspeita de uma série de más condutas com e no Estado Brasileiro. Retirada do comando do governo através de mecanismos institucionais, insiste ela e seu partido, em não aceitar a situação. Coloca em dúvida os poderes Judiciário e Legislativo e ignora olimpicamente a vontade do povo que não tolera mais os desmandos do seu governo repleto de nulidades e bandoleiros. Quer governar como uma tiranete junto com seus mentores e apaniguados. Pois bem, incapaz de assimilar a rejeição, Dilma Rousseff, virtualmente deposta, exige, mesquinhamente, enquanto tramita o seu julgamento, dinheiro, mordomias, seguranças, e equipamentos para seu desfrute. Faz papel de vítima de um golpe e exige pompa e circunstância em acinte ao país, que a rejeita, assim como, seu partido e aliados oportunistas. São lançados fora do poder pela multidão indignada com os desmandos de um governo deletério e suspeito nas intenções. Eis retrato do caminho trilhado pelo Brasil, quando acaba o Império sai um governante de alto quilate, combatido por interesses externos. Sai humilde e sereno. A república brasileira, nos seus espasmos, pressionada pelas ruas, esforça-se para destituir uma presidente condutora de políticas implosivas da estrutura do país, pessoa intelectualmente questionável, sem cultura e com intenções de estabelecer um poder não compatível com os desígnios da grandeza do Brasil. Nesta situação, pretende propagandear tratar-se sua saída como golpe. De Pedro de Alcântara a Dilma Rousseff, quanta diferença. Oh, tempos! Oh, costumes!  

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Homem conhece-te a tí mesmo.

Dia destes, caminhando pelas ruas de Porto Alegre, deparei com uma cena cada vez mais comum nestes caminhos que tanto amo, homens com moto serra cortando ou mutilando (chamam de poda) árvores.  Ao meu ouvido, o ruído cruel da máquina indicava o sacrifício de uma árvore. Aquele ser do reino vegetal, cujo esplendor demorou décadas para expor sua beleza, tombava frente ao homem tecnológico, indiferente e prepotente. Ali foi um momento de choque e reflexão. Clara, como nunca, pude enxergar a porção de maldade que habita o coração desta raça impiedosa. Animais e Vegetais, seja o mais óbvio pasto, minúsculo inseto, magnífico mamífero ou árvore colossal, tudo e todos, tombam arrasados pela incompreensão e soberba do homem. Este homem, crendo-se o deus soberano do planeta, pensa tê-lo a sua disposição, podendo servir-se dele como bem provier.  Por não entender ou não se importar com a casa onde vive, instabilizou o equilíbrio ecológico do seu ambiente. A ignorância, a ganância e a vontade de exercer o poder absoluto sobre o mundo onde existe, acabam por cegar a humanidade.  A tal ponto, que a civilização está sendo conduzida por interesses claramente psicopáticos, num processo autofágico. A árvore tombada na via é sinal do vórtice de insanidade que aflige corações e mentes humanas,  malfazendo ao indivíduo e à sociedade, abrindo o portal para violência crescente, traduzida na compulsiva agressão às árvores, animais e, inexoravelmente, ao ser humano. Tal realidade insana, não será amenizada por campanhas publicitárias ou palavras mantras no intuito de gerar otimismo. O lobo mordeu o coração do homem e a única medicina capaz de curá-lo é educação e cultura que incentive os sentimentos nobres da porção sublime do nosso animo.
José Maria Rodrigues de Vilhena

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Brasil, mil razões para acreditar, algumas poucas para determinar o fracasso


Mil são as razões para acreditar num Brasil exemplar, modelo de nação a toda Terra. Mil são as razões. Neste rápido texto, contudo, peço desculpas, não farei referência a elas. Aqui, nestas breves linhas, quero usar a pena para ressaltar os motivos pelos quais não conseguimos deslanchar como civilização. Breves serão as palavras para justificar a perspectiva de que o Brasil tende ao fracasso. Os motivos são óbvios, mas nem sempre o senso comum consegue perceber. Vejamos. Sinceramente, alguém pode acreditar numa nação funcionando sem um povo educado? Sem estrutura educacional capaz de possibilitar uma base qualificativa à população, a síndrome da Torre de Babel será estabelecida. Ninguém mais conseguirá se comunicar produtiva e verdadeiramente. Como consequência, os problemas de larga abrangência não mais serão entendidos, virá daí, a indiferença e descaso. Haverá, então, uma multidão estupidificada, disponível à mentira e manipulação. E viva o futebol e os big brother da vida. A este cenário, some-se o deletério da Cultura da civilização brasileira num processo de esquecimento histórico e artístico, onde as páginas da História e herança das belas artes, serão substituídas por simulacros convenientes ao poder manipulador do Estado brasileiro. Sem tradições, virá a perda da identidade e a consequente projeção da baixa autoestima. Neste mundo, nada será digno de luta e sacrifício, a Vontade será substituída pela Esperança. Saindo do contexto espiritual e transpondo o umbral das coisas materiais, é impossível um país das dimensões do Brasil ser produtivo sem uma rede de transporte adequada conectando modais ferroviário, rodoviário, hidroviário e aeroviário. Tal estratégia não existe em terra Brasilis. A base de uma economia moderna é, sem dúvida, a industrialização. No Brasil, o Parque Industrial é montado e desmontado ao bel interesse de forças exógenas que controlam nossa economia. A gigantesca área do país continente, que abriga riqueza Natural incomparável no planeta, é tratada de modo predatório, incapaz de gerar um ciclo de riqueza permanente. Ganância, estupidez e descaso, destroem a Natureza brasileira. A estes fatos incontestáveis , soma-se uma máquina de governo que consome 40% da produção econômica e não responde adequadamente à suas atribuições, pior, o Estado funciona , não como mola propulsora da economia e sim como seu tutor. O texto é rápido, mas os argumentos devem sensibilizar o leitor, que não precisa ser muito arguto, para compreendê-los como verdadeiros, e concluir: sob estes impulsos condutores , o Brasil tende ao fracasso.