I
Nós
e os cães de Pavlov
Ivan Pavlov foi um
fisiologista cientifico russo que desenvolveu seu trabalho no início do século
20. Em seu laboratório realizava experimentos com cães, principalmente para
descobrir aspectos relacionados à programação da mente e reflexos
condicionados. Cães não são homens, eu sei. Mas, deixem-me descrever uma
experiência laboratorial concebida por este genial cientista e, provavelmente, o
leitor faça uma descoberta perturbadora a respeito do comportamento humano e
programação mental de larga escala, fazendo-o entender o controle da multidão
e, especialmente no caso brasileiro, a passividade do povo diante da realidade
surreal onde vive. Bem, passo a descrever de forma ágil, a experiência de Pavlov:
ele apresentava ao cão um alimento e o animal salivava e comia satisfeito,
posteriormente, escondia o alimento e tocava uma buzina, então, era apresentado
o alimento ao cachorro que salivava e comia. Assim, toda vez que tocava a
buzina, o cão salivava. Na continuidade do experimento, com o mesmo método,
utilizou o som de um sino e, da mesma forma, toda vez que tocava o sino o cão
salivava, por fim usou outro tipo de instrumento na mesma técnica e o cão
salivava. No passo seguinte tocou os três sons juntos e o cão ficou desorientado,
para logo a seguir ficar indiferente a situação. Da mesma forma, nós estamos
num laboratório, a mídia nos assola, contínua e conjuntamente, com notícias
sobre o aumento da violência, guerras, terrorismo, ameaça nuclear, epidemias,
comida envenenada com agrotóxicos, transgênicos, mudanças climáticas,
extraterrestres, corrupção, desastres naturais, inflação e muitas outras
informações reais ou não. O fato é que sob diversas pressões a nossa mente se
sobrecarrega e, tal qual o cão, fica num estado de confusão sobre o quê está
acontecendo, mergulhamos então, num estado de dissociação cognitiva, assim,
deste ponto em diante, vem a alienação da realidade, numa clássica situação bem
representada pela expressão popular que diz: não sei, não quero saber e não me
interessa. Claramente é possível perceber o sistema trabalhando neste processo
quando faz um esforço decidido a fim de que todos tenham aparelhos de rádio e
televisão cada vez mais sofisticados tecnologicamente, para reproduzir programações
cada vez mais ignóbeis. Na intenção de explicar o ambiente caótico o estamento recorre
à utilização de especialistas cujas explanações esmiúçam os problemas das
respectivas especialidades como se fossem únicos. Fora das opiniões
especializadas é lançada às massas a generalização reducionista que intenta
dividir tudo entre esquerda-direita. Nós somos os cães de Pavlov, precisamos
saber quem dirige o laboratório.
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