quinta-feira, 24 de maio de 2018

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 I
Nós e os cães de Pavlov

 Ivan Pavlov foi um fisiologista cientifico russo que desenvolveu seu trabalho no início do século 20. Em seu laboratório realizava experimentos com cães, principalmente para descobrir aspectos relacionados à programação da mente e reflexos condicionados. Cães não são homens, eu sei. Mas, deixem-me descrever uma experiência laboratorial concebida por este genial cientista e, provavelmente, o leitor faça uma descoberta perturbadora a respeito do comportamento humano e programação mental de larga escala, fazendo-o entender o controle da multidão e, especialmente no caso brasileiro, a passividade do povo diante da realidade surreal onde vive. Bem, passo a descrever de forma ágil, a experiência de Pavlov: ele apresentava ao cão um alimento e o animal salivava e comia satisfeito, posteriormente, escondia o alimento e tocava uma buzina, então, era apresentado o alimento ao cachorro que salivava e comia. Assim, toda vez que tocava a buzina, o cão salivava. Na continuidade do experimento, com o mesmo método, utilizou o som de um sino e, da mesma forma, toda vez que tocava o sino o cão salivava, por fim usou outro tipo de instrumento na mesma técnica e o cão salivava. No passo seguinte tocou os três sons juntos e o cão ficou desorientado, para logo a seguir ficar indiferente a situação. Da mesma forma, nós estamos num laboratório, a mídia nos assola, contínua e conjuntamente, com notícias sobre o aumento da violência, guerras, terrorismo, ameaça nuclear, epidemias, comida envenenada com agrotóxicos, transgênicos, mudanças climáticas, extraterrestres, corrupção, desastres naturais, inflação e muitas outras informações reais ou não. O fato é que sob diversas pressões a nossa mente se sobrecarrega e, tal qual o cão, fica num estado de confusão sobre o quê está acontecendo, mergulhamos então, num estado de dissociação cognitiva, assim, deste ponto em diante, vem a alienação da realidade, numa clássica situação bem representada pela expressão popular que diz: não sei, não quero saber e não me interessa. Claramente é possível perceber o sistema trabalhando neste processo quando faz um esforço decidido a fim de que todos tenham aparelhos de rádio e televisão cada vez mais sofisticados tecnologicamente, para reproduzir programações cada vez mais ignóbeis. Na intenção de explicar o ambiente caótico o estamento recorre à utilização de especialistas cujas explanações esmiúçam os problemas das respectivas especialidades como se fossem únicos. Fora das opiniões especializadas é lançada às massas a generalização reducionista que intenta dividir tudo entre esquerda-direita. Nós somos os cães de Pavlov, precisamos saber quem dirige o laboratório.

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